domingo, novembro 29, 2009

Theatro São Pedro

Está muito triste a situação do mercado de óperas em São Paulo, massacrado pela Falência (ou encerramento clandestino das atividades, se preferirem) do Theatro Municipal e pela concorrência dos musicais. Os teatros que costumavam receber as óperas, que demandam uma certa estrutura, preferem apresentar O Rei Leão, duas vezes por dia, com um custo muito menor.

Nesse triste cenário é no mínimo animador perceber que ainda existe alguma opção para quem aprecia ópera em São Paulo. O Theatro São Pedro tem apresentado diversas montagens operísticas em sua temporada, com a promessa de só aumentar esse repertório em 2010.

Só em novembro foram encenadas duas óperas, Pagliacci e O Barbeiro de Sevilha, tudo com módicos ingressos de R$ 20,00 para todos os lugares. Para quem nunca visitou o Theatro São Pedro o ingresso já valeria pelo passeio, independente do espetáculo. Tratas-se de um prédio histórico muito bonito e, acima de tudo, aconchegante. Ao contrário do Municipal, aqui você se sente muito mais próximo dos artistas, mesmo nos lugares mais distantes.

A qualidade dos espetáculos não é constante, e muitas vezes tem de lidar com limitações. Pagliacci foi apresentado com um conjunto de Câmara, mas a qualidade dos cantores foi muito boa e valeu a noite. Por mais que seja interessante ouvir "Vesti la Giubba” na gravação de Caruso, a música ao vivo tem um sabor e emoção sem comparação. O trágico final foi apresentado com uma emoção e verismo na interpretação que nem sempre se encontram quando faltam cantores/atores e diretores.

O Barbeiro de Sevilha contou com um grupo jovem, da orquestra ao coral e cantores, e sinceramente foi uma experiência mista. A montagem é bem feita, bem dirigida, mas alguns dos cantores não correspondiam. Especialmente Fiorello, primeira voz ouvida na ópera, não foi muito feliz. Mas vários dos cantores prometem, só falta a experiência, principalmente quando precisavam cantar em conjunto. Mas não me levem a mal, o tom geral da direção está correto e o espectador ri e se envolve, sem se importar com as limitações técnicas.

Aproveitem, o Barbeiro ainda vai ser apresentado nos dias 1 e 3 de dezembro.

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terça-feira, novembro 24, 2009

Christmas is all around... (2)


segunda-feira, novembro 23, 2009

Christmas is all around...



Micro-árvore de natal na minha mesa do escritório. Só falta decorar...

domingo, novembro 22, 2009

Just Two Strangers in a Train

Estava me lembrando de um livro que eu li na faculdade, Guerra Civil (Hans Magnus Enzensberger), que tenta explicar a xenofobia com a metafora de um trem, onde duas pessoas podem discutir, mas se algumas estações depois uma nova adentra, as que já ocupavam o vagão terão um sentimento de coesão e repulsa, ao menos inicial, à nova.

Me lembrei dessa história por causa de alguns encontros recentes, com colegas de colégio e faculdade. Um foi com um amigo próximo de ginásio, do qual me afastei no colegial, e a outra uma colega de faculdade. Passados cerca de dez anos, por motivos diversos, encontrei o dois. Interessante perceber como duas pessoas que não tinham mais tanto em comum podem subitamente achar a outra fascinante, ficando tão felizes com o reencontro.

Uma coisa que a minha colega disse, enquanto trocavamos informações sobre outros colegas, aponta para uma possível resposta. Ela comentou como era bom ver os outros colegas bem encaminhados na vida, bem sucedidos. Existe uma certa cumplicidade, a noção de que a outra pessoa conhece o nosso caminho e entende o quanto custou chegar até aqui.

Mas não é só isso, acima de tudo há uma enorme nostalgia de um tempo que não volta mais, de momentos marcados por ingenuidade, menos recursos do que hoje, mas que trocariamos correndo. A outra pessoa é um espelho, um memento, um fóssil de uma pessoa que não somos mais. Mas não me escapa a ironia de ter uma agradável almoço com uma pessoa com quem, dez anos antes, jamais tinha conversado por mais que alguns poucos minutos.

E a grande pergunta, cuja resposta talvez seja irrelevante, é se há dez anos essa pessoa poderia ter sido minha amiga, dada a oportunidade, ou se apenas o tempo e a ausência de qualquer coisa poderia gerar qualquer interesse mútuo.

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sexta-feira, novembro 20, 2009

Wonderland



Já esperando pelo novo filme da Alice, assisti ao fantástico Phoebe in Wonderland ("A menina no País das Maravilhas"), filme independente que por aqui nem passou pelos cinemas, indo diretamente para as locadoras.

Trata-se de uma obra imperdível, emocionante e delicada sem ser piegas, um drama que resgata o mundo infantil pelo lado de dentro. Uma das primeiras lições de fotografia de crianças é se colocar na mesma altura delas, valendo a mesma coisa para os animais, mas a maioria dos filmes com protragonistas mirins falha miseravelmente nessa tarefa. Não aqui, onde temos o mundo pelo olhar de Phoebe, e tudo que é adulto no fundo passa pelo filtro do seu olhar. E pode surpreender a muitos o quanto uma criança consegue ver e compreender.

O fato de eu considerar ela a filha ideal provavelmente diz muito a meu respeito, mas felizmente a falta de detalhamento do CID-10 mais uma vez me salva. A protagonista é Elle Fanning, irmã mais nova de Dakota Fanning, trazendo boas lembranças de I am Sam.

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