domingo, julho 23, 2006

Filas

Paulistano ama fila. Mas não é qualquer amor não, trata-se de uma paixão patológica e incontrolável. Ir ao cinema em São Paulo é uma experiência cada vez mais surreal. Se você chegar meia hora antes do horário vai conseguir, no máximo, ingressos para assistir algum filme infantil legendado.
Tudo bem, aí eles inventam a venda antecipada pela internet (por uma módica taxa de serviço), que deveria facilitar a vida do pobre espectador. Mas não, porque as filas começam a se organizar com pelo menos uma hora de antecedência. Eu sinceramente não lembro dessas cerquinhas de fila de banco em cinema quando eu era criança. Agora, mesmo que você compre com antecedência o ingresso, ainda assim vai ter de chegar uma hora antes, sob pena de assistir num lugar que fará você se sentir dentro do filme.
Afora isso você terá de chegar bem antes pra conseguir um lugar pra estacionar, pois apesar do aumento da procura muitos shoppings estão reduzindo a área de estacionamento pra colocar pequenas lojinhas no mesmo lugar. E não pense que a sessão corujão vai te salvar, pois enfrentei a maior fila numa sessão das 23:30.
Ah, mas a tecnologia sempre pode nos ajudar mais um pouco. Alguns cinemas já têm lugares marcados (com um pequeno diferencial no preço), para poupar o pobre espectador. Infelizmente, pelo que sei, só podem ser comprados no local... Mas mesmo que possam ser comprados pela internet, não pensem que os paulistanos vão se acanhar e abandonar a fila.
Qualquer um que pegou um avião em São Paulo sabe que, mesmo com lugares marcados, todos vão se acotovelar e empurrar para entrar no avião, correndo como se esse fosse o último avião a sair do Líbano.

sexta-feira, julho 21, 2006

Critério da auto-classificação

Em homenagem ao bom e velho Einstein segue a minha auto-classificação, já me adiantando ao projeto de lei.

Quotas Racistas

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do
Brasil:(...) IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo,
cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, (...) nos termos seguintes:(...)XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos
direitos e liberdades fundamentais;

As quotas racistas nas universidades estão só começando a causar problemas. Bem que eu gostaria de dizer simplesmente que pelo menos o projeto está gerando alguma discussão saudável, mas de saudável a conversa não tem nada. As partes envolvidas estão trocando farpas e não argumentos, e qualquer um que se manifeste em contrário é devidamente patrulhado como racista, e não alguém com uma opinião em contrário.

A questão das quotas engloba três aspectos: um legal, um ético-científico e um simplesmente prático. O debate legal me parece por demais simples. Não é possível que uma lei adote como fundamento para a aplicação de qualquer sanção, positiva ou negativa, os critérios de origem, cor, raça e sexo. E, pelo amor de Deus, não me venham com essa de que é uma discriminação positiva, então permitida. Tudo que gera um privilégio para A também gera uma perda para B. Quem discorda, por favor elabore um modelo lógico e abstrato de lei de quotas que considera constitucional, algo como: se cor A então quotas, se cor B então sistema universal. Só com letras, depois eu escolho o significado das letras, pois a constitucionalidade da proposição, impessoal, não pode depender do significado das letras.

Mas a questão é mais tola. Do ponto de vista ético-científico é fazer uma distinção que não existe, pois a ciência há muito reconheceu que não existe raça. Se o Estatuto Racial de Nuremberg for aprovado, obrigando a identificação por raça no sistema de saúde e documentos oficiais, lutarei até a última instância pra ser classificado como integrante da raça humana. Não que não existam outras, como demonstra a fauna política de Brasília. Uma das maiores “dificuldades” da iniciativa é que no Brasil não existe muito bem definido esse negócio de raça, por isso os infelizes querem forçar essa identificação (conscientização...) através da classificação forçada. Muitas pessoas se consideram brancos, mas em outros países seriam considerados de outras cores. O ponto é que a agenda desse projeto é criar uma divisão na sociedade brasileira que efetivamente não existe.

Aqui só Deus sabe quem é quem. Todo mundo é brasileiro e o taxista é italiano pra torcer na final da copa pra alguém. Falam em 50% de quotas para negros, mas não sei onde eles estão. Ando na rua e não encontro, aliás encontrei mais deles em Paris. Que inveja deles. Agora eu vou ser treinado para me “conscientizar” de quem são “eles”.

No Brasil a questão de genótipo contra fenótipo chega no limite. A mistura para a formação do que é o povo brasileiro é tamanha que somos uma prova da futilidade de classificar, ainda mais de maneira binária, um povo. E, os carecas do ABC que me desculpem, mas quero ver encontrar alguém que não tem um ascendente na áfrica nos últimos 10.000 anos.

Existe racismo, certamente, assim como existe discriminação contra mulheres, jovens e idosos, só para citar alguns. Mas é preciso perceber que não estamos falando de “minorias” (eu adoro quando ouço alguém chamar as mulheres de minorias...), mas do nosso tecido social como um todo que tem de ser tratado de maneira uniforme, não o dividindo ainda mais.

Do ponto de vista prático a coisa talvez seja até pior. Primeiro, a adoção de quotas dentro de um processo seletivo visa privilegiar um candidato que teve uma performance inferior no mecanismo de seleção padronizado. Não adianta querer dourar a pílula, assim como querer ler nisso mais do que existe, pois não se pode dizer que ele tenha um desempenho acadêmico necessariamente menor. Num primeiro momento se sabe apenas que ele vai pior num teste. A questão é: qual a finalidade do teste, e quão eficiente é ele? A finalidade do teste deveria ser selecionar estudantes que terão o melhor desempenho acadêmico. Nada além disso. Quanto à eficiência, ela é questionável, mas sabemos que vestibulares bem feitos, que trabalham com muita análise estatística, atingem em grande parte seu objetivo.

Se a finalidade das quotas for romper os defeitos do vestibular, que estaria impedindo a entrada de estudantes com bom potencial acadêmico, trata-se de uma falácia, pois o teste continuará o mesmo, com seus eventuais vícios. Se o processo de seleção é um problema, ele tem de ser mudado, até porque suas deficiências afetam todas as cores do arco-íris. A adoção de entrevistas, apreciação de currículos e outras técnicas são opções, embora eu continue a preferir a análise objetiva e impessoal dos testes, mesmo com seus defeitos.

Se a finalidade não é essa, e realmente não é, mas permitir a entrada de estudantes com um potencial acadêmico inferior, então temos um conflito entre a finalidade da seleção e o sistema de quotas, principalmente quando se fala de 50% dos alunos, como no projeto de lei.Uma universidade, ao menos uma que tenha muito mais demanda e oferta para justificar as quotas, não é um curso por correspondência que não é afetado pelos seus alunos. A seleção rigorosa determina o nível de um curso tanto quanto a escolha dos professores. Em São Paulo muitos professores dão aula na USP e em outras faculdades particulares, mas reconhecem que a aula que podem dar na USP é muito diferente. Um professor da ECA disse que na USP podia discutir, em outra particular de primeira linha tinha que chamar a atenção dos alunos, e numa terceira tinha de puxar um banquinho e sentar com os alunos e perguntar se queriam ir pro barzinho em frente. O corpo discente de uma universidade é seu maior patrimônio. E alterar de maneira tão drástica os critérios de formação dele terá, necessariamente, um impacto na qualidade do ensino. As particulares de primeira linha, desobrigadas das quotas, certamente ganharão com maior qualidade de alunos, por exemplo, com prejuízo das instituições oficiais.

Por fim, me lembro de um artigo que li na Time há uns dez anos sobre affirmative action. Nele era colocado o problema da desistência muito alta. Alunos muito bons, que poderiam entrar em boas universidades, entravam em outras mais competitivas, como Harvard, e lá acabavam enfrentando problemas e desistindo. Ele ponderava que essa mesma pessoa poderia ser bem sucedida em uma outra ótima universidade em que ele estivesse no topo dos seus pares. Ao que me consta a UERJ (*) e o seu sistema de quotas já conseguiu causar um bom estrago, com a qualidade dos cursos caindo. Não quero nem imaginar no que aconteceria com a USP ou a Unicamp.

(*) Post modificado para corrigir a citação da UFRJ, pois o correto é UERJ.

quarta-feira, julho 19, 2006

First Amendment

Congress shall make no law respecting an establishment of religion, or prohibiting the free exercise thereof; or abridging the freedom of speech, or of the press; or the right of the people peaceably to assemble, and to petition the government for a redress of grievances.

Eu sinceramente não compreendo mais o que se passe no Brasil. Agora uma “legenda” (PSL) está consultando o TSE para saber se blogs podem dar opinião sobre os candidatos. Meu Deus do céu, será que ninguém nesse país tem noção do que são as garantias fundamentais? Como ninguém parece conhecer nossa prolixa constituição vou apelar pra primeira emenda, que de tanto aparecer em filmes é muito mais conhecida.

A completa desconexão entre o povo e a constituição é uma tragédia que está na base da crise política. Quando a constituição alemã foi feita, um verdadeiro primor, tentou refletir o sentimento do povo do que era fundamental, representava essa realidade viva, e por isso mesmo se alterou e se adaptou com o tempo. Da mesma forma a constituição americana passou por um processo evolutivo que representa o estado médio daquela sociedade. E isso pra não falar do Reino Unido, aonde esse sentimento é, naturalmente, não escrito.

No Brasil não, constituição é coisa de político e juiz, não do povo, e política é uma atividade sujeita a um monopólio muito mais severo que o da Petrobrás. Só isso pra explicar que alguém conceba, ainda que em tese, que o meu direito de opinião sobre os candidatos possa ser limitado num blog. O problema é que no Brasil existe uma clara divisão entre quem participa da vida política e quem não participa, e nós somos uns párias que só podem comparecer na urna, bem quietinhos pra não sermos presos por fazer boca de urna. Com o monopólio e a profissionalização da política alguém se surpreende que exista a completa desconexão entre o político e o eleitorado?

Política, no seu sentido mais belo, é uma atividade que todos nós deveríamos praticar, interagindo nos espaços públicos (quais?), trocando opiniões num livre mercado de idéias, gerindo nossas vidas e a sociedade. Por isso a internet assusta tantos governos. Sou um liberal clássico, com alguns flertes com o anarco-capitalismo, e por isso não acredito nem no monopólio do Estado nem que seja ele o grande salvador. Acredito em pessoas e no livre mercado, seja ele de idéias ou de peixes, algo que não existe e não existirá tão cedo em nosso cenário político.

terça-feira, julho 18, 2006

Personalidades

Caetano Barreira/Reuters - Lorenzo Merlino
Desde a criação do do Comitê do Apagão (não é a CPI do fim do mundo não), ainda no tempo do FHC, que a categoria de personalidades está consolidada. É só ler o decreto 3.520 para descobrir que "Poderão ser convidados a participar das reuniões da CGSE técnicos, personalidades e representantes de órgãos e entidades públicos e privados". Pois é, as personalidades viraram uma categoria à parte, distinta dos reles mortais desprovidos não de algum atributo da personalidade, mas dela própria. Trata-se de um atributo até mesmo para o exercício de funções públicas. Já imagino a sabatina no Senado: "Mas V. Sa. é realmente uma personalidade, quais as publicações que atestam isso?". Provavelmente seria mais eficiente que as sabatinas atuais, que pretendem testar o conhecimento técnico.

De uma maneira geral não me incomodo com o fato de não ser uma personalidade, apesar das minhas diversas. Meu gosto pela privacidade me impediria de gostar de toda essa exposição. Mas duas vezes por ano isso realmente me irrita: durante o SPFW. Caramba, se até aquela figurinha do BBB x, que nem a mãe lembra mais (afinal a pessoa não queria dividir o dinheiro com a velhinha) consegue ingressos, por que eu não?
Nessas horas fico imaginando qual é o caminho mais curto pra me tornar uma personalidade e, além do Comitê do Apagão, poder assistir o SPFW. Quem sabe defender algum homicida conhecido ou político, algo com bastante exposição na TV. Nem precisava defender, podia rodar nesses programas de variedades e entrevistas metendo o pitaco no caso dos outros. Hum, até é uma idéia. Quem sabe eu não consigo aparecer se disser que sei qual é a "revelação bomba"? Ah, melhor não. Perdi o interesse pela Suzaninha depois que ela engordou. E corro o risco de virar o macaco simão.

domingo, julho 16, 2006

Viagem sem destino

Tufão Bilis mata pelo menos 115 pessoas na China
"Chuvas torrenciais e enchentes desencadeadas pelo tufão Bilis mataram pelo menos 115 pessoas no sudeste da China, de acordo com a agência estatal Xinhua." Reuters
Eu hein, quando o Bilis liga o F e sai sem destino a coisa fica preta.

sábado, julho 15, 2006

Vida Blogueira

Acho que não nasci pra essa vida blogueira. Desde a primeira vez que o pecus perguntou por que não criava um blog eu respondia: Deus me livre. Mudei de idéia, é verdade, e gostei da experiência de tentar sintetizar algum tema num post, além de obter o retorno, verificar como as pessoas chegam no meu site, etc... Mas continuo em dúvida se tenho paciência pra essa vida.
A franka escreveu lá no blog dela que o post precisa ser diário, de preferência no mesmo horário. Mas meu Deus, como manter essa regularidade? Eu com duas semans de blog já estava burnout... Cogitei algumas possibilidades pra superar a questão. A primeira foi preparar um monte de calhau pra quando eu estiver sem paciência pra escrever. Tenho procurado também fazer anotações de posts pra escrever depois, mas eles acabam não saindo do papel depois.
Por exemplo, hoje, como escrever alguma coisa? Tenho de terminar trabalho que veio passear aqui em casa. Afora os momentos de, digamos, introspecção. Post de ressaca, post depois de um pé... Essa semana só foi salva porque, sem querer, consegui criar um post com uma buzzword que rendeu muitos dividendos. Dos últimos que entraram no meu blog 70% vieram do domínio usp.br, primeiro pelo google e depois por algum email que está circulando nas listas da USP. E o pior é que ainda não consegui descobrir o conteúdo do email.

sexta-feira, julho 14, 2006

Comidinha caseira 2

Não sei quantos aqui assistiram o documentário (gonzo) Super Size Me - A dieta do palhaço, mas logo no começo ele comenta como era a comidinha da mamãe, toda feita em casa, e que eles raramente comiam fora. Em seguida ele dá um passo para falar das cadeias de fast-food, do hábito de comer fora, e assim começa o documentário. Fiquei muito decepcionado, porque a questão só é abordada nesse momento. Numa parte do documentário, que talvez esteja nos extras, uma menina balofa fala sobre a alimentação “saudável” do Subway, que ela poderia perder peso mas não tinha dinheiro pra comer só isso. Tudo bem que comida calórica e ruim pra saúde é barata, mas não é também assim. Agora sanduíche virou a alimentação ideal? Infelizmente acho que o documentário, apesar de engraçado e de um bom começo, falhou miseravelmente. Principalmente porque fiquei com muita vontade de ir no McDonalds.
As pessoas parecem esquecer que até o século XVIII não existiam os restaurante como nós conhecemos hoje, nem esse conceito de comer fora. As tavernas e similares eram estabelecimentos direcionados unicamente a viajantes, e ninguém cogitaria de, morando na cidade, levar a patroa pra comemorar na taverna local. A palavra restaurante vem do francês, das supostas propriedades restauradoras de sopas. Originalmente eram estabelecimentos destinados, francamente, a pessoas doentes ou, no mínimo, meio fracas e idosas. Só muito depois uma parte maior da população começou a aderir ao modelo, que não era mais de sopas, mas esse é um fenômeno de cerca de 250 anos.
Mas a proliferação do restaurante, agora da lanchonete, como principal meio de alimentação barata, especialmente nas grandes cidades, é um fenômeno muito mais recente, de menos de meio século. Tudo isso pra dizer que se você fizer a comidinha em casa que falei, caprichada, além de comer melhor e pagar menos, também evitará engordar e viverá mais.Comida de restaurante é um atentado à saúde. Sal demais, banha demais, tempero demais e porções maiores do que nós deveríamos comer. Fiquei fascinado na França, vendo eles comerem todos aqueles queijos e não engordarem. Depois percebi os hábitos alimentares: comida feita em casa, com ingredientes naturais, pouca comida de restaurante e muito tempo pra comer. Sem tranqueiras entre uma refeição e outra. Se não existe segredo para emagrecer, basta não comer, também não significa que essa seja a única forma. Agora, não sei não se é possível manter a forma com o grude dos restaurantes e similares.

quinta-feira, julho 06, 2006

Comidinha caseira

O pecus vive falando da baixa gastronomia, pra descrever os aperitivos de bar. Pois bem, resolvi escrever sobre o que vou chamar de alta culinária, que não é aquela do Gero e do Figueira, mas a que fazemos em casa naquelas ocasiões especiais. Todo paulistano tem uma certa mania de sair pra jantar fora no fim de semana, pra fazer algo “especial”. Porém, especialmente pra quem almoça fora durante a semana, o “especial” pode ficar mais parecido do que diferente.
Aí é que entra a alta culinária. Ninguém vai se emocionar com um prato congelado, ou seja lá qual for a comida que você sempre prepara, mas por que não mudar o padrão? Para isso basta preparar uma comida simples, mas de qualidade, com atenção a cada detalhe. Para a receita a internet ou algum amigo gourmet podem ajudar, ou mesmo aquela velha receita de família. O importante é procurar uma receita que empolgue. Um passeio por um empório bem abastecido também pode dar muitas idéias.
Uma vez estabelecido o objetivo é que entra em ação a “alta culinária”. Escolha muito bem os ingredientes, não faça concessões na hora de preparar e sirva a sua comida com toda a cerimônia, como se estivesse no melhor restaurante da cidade. Gaste um bom tempo na escolha do vinho, harmonizando com a comida, planejando os pratos do jantar. Mas, acima de tudo, capriche nos ingredientes.
Segundo uma entrevista que vi do Giancarlo Bolla o preço de um prato é quatro vezes o preço dos ingredientes, coisa que a família dele sempre fez. Essa conta vem mostrar uma verdade simples: que não há como ter um resultado excepcional sem os ingredientes ideais. Não quero aqui negar a mão do cozinheiro, a genialidade que faz uma receita se sobressair, mas com um pouco de atenção à receita, conhecendo suas próprias limitações, qualquer um pode fazer pratos maravilhosos com os ingredientes certos.
Não pensem aqui que estou falando de caviar. Para o risoto ou a carne utilize um bom vinho, que não precisa ser excepcional, mas não pode ser algo que você não beberia. Não economize no queijo ralado, compre um bom e rale na hora. Nem pense em utilizar margarina, apenas a melhor manteiga. Catupiry, só Catupiry. Massa, apenas italiana. O molho de tomate, compre um importado ou faça você mesmo se tiver paciência.Antes de pensar que um queijo é caro, pense no seguinte: um prato de R$ 30,00 em ingredientes custaria cerca R$ 120,00 num restaurante. Aí é a escolha de cada um: comer um prato de R$ 10,00 em ingredientes num restaurante ou um de R$ 40,00 em casa, gastando a mesma coisa. E se você gosta de um bom vinho, a comparação fica indecente.

quarta-feira, julho 05, 2006

Ouro de tolo

Acabei de receber um cartão crédito novo, mais um empurrado por uma administradora. Tinha cancelado o cartão dessa administradora há alguns meses, dizendo que não ia pagar anuidade, pois já tenho cartão demais. Faço isso sempre que chega alguma cobrança de anuidade de cartão: ligo e digo que vou cancelar. Se não abonarem a anuidade cancelo e uso os outros, pois oferta pra emitir cartão é o que não falta. Aliás, faço a mesma coisa com as operadoras de celular quando vou trocar de aparelho. Ou ganho uma grande vantagem ou eu mudo de operadora, porque até prefiro mudar de número de tempos em tempos, para os chatos perderem meu rastro. Sou profissional nisso, já tendo inclusive feito a ligação pro SAC em nome de vários amigos.

Não sou um pão-duro terrível, mas se você tiver mais de um cartão acaba pagando uma taxa, em percentual, muito alta. Digamos que num cartão você gaste R$ 1.000,00 por mês, então com um anuidade de R$ 240 estará pagando 2% sobre o valor gasto. Se você tiver muitos cartões essa taxa pode ser ainda maior.

Pois bem, a administradora me ligou, para saber o motivo pelo qual eu tinha cancelado e oferecer um cartão de graça. Dentro da minha política de sempre ter vários, pra cancelar sem medo, aceitei. Mas qual não foi minha surpresa quando recebi um cartão que parece da linha infantil.O dito cujo reluz todas as cores do espectro visível, de uma só vez, além de toda a frente do cartão ser uma holografia saltando pra fora. É a tentativa desesperada de diferenciar um produto que é, essencialmente, o mesmo. No começo existia o cartão, ponto. Depois, com a popularização do meio de pagamento, veio o cartão gold, para diferenciar o usuário. O usuário, porque o serviço, no frigir dos ovos é o mesmo. O problema é que existe por um lado a necessidade do marketing, de diferenciar o produto, e de outro a tentação de entregar o “diferencial” pra mais pessoas, ganhando dos concorrentes. Hoje em dia muitos bancos só emitem cartão “ouro”. Qual a solução? Criar novos diferenciais? Logicamente não, apenas criar novos “materiais”: a linha Platinum. Não tenho dúvida que em alguns anos o Platinim será o padrão, exigindo novos diferenciais: diamante, diamante triplo, safira. O serviço? Ah, esse será cada vez pior. E ai daquele que acreditar que carrega platina no bolso, emocionado pelas luzes do seu plastiquinho.

A quem possa interessar...

Terminou a greve dos funcionários da USP, que retornaram ao trabalho logo após a eliminação do Brasil da Copa do Mundo. Segundo o site do sindicato decidiram um dia antes da derrota. Sei.