quarta-feira, julho 19, 2006

First Amendment

Congress shall make no law respecting an establishment of religion, or prohibiting the free exercise thereof; or abridging the freedom of speech, or of the press; or the right of the people peaceably to assemble, and to petition the government for a redress of grievances.

Eu sinceramente não compreendo mais o que se passe no Brasil. Agora uma “legenda” (PSL) está consultando o TSE para saber se blogs podem dar opinião sobre os candidatos. Meu Deus do céu, será que ninguém nesse país tem noção do que são as garantias fundamentais? Como ninguém parece conhecer nossa prolixa constituição vou apelar pra primeira emenda, que de tanto aparecer em filmes é muito mais conhecida.

A completa desconexão entre o povo e a constituição é uma tragédia que está na base da crise política. Quando a constituição alemã foi feita, um verdadeiro primor, tentou refletir o sentimento do povo do que era fundamental, representava essa realidade viva, e por isso mesmo se alterou e se adaptou com o tempo. Da mesma forma a constituição americana passou por um processo evolutivo que representa o estado médio daquela sociedade. E isso pra não falar do Reino Unido, aonde esse sentimento é, naturalmente, não escrito.

No Brasil não, constituição é coisa de político e juiz, não do povo, e política é uma atividade sujeita a um monopólio muito mais severo que o da Petrobrás. Só isso pra explicar que alguém conceba, ainda que em tese, que o meu direito de opinião sobre os candidatos possa ser limitado num blog. O problema é que no Brasil existe uma clara divisão entre quem participa da vida política e quem não participa, e nós somos uns párias que só podem comparecer na urna, bem quietinhos pra não sermos presos por fazer boca de urna. Com o monopólio e a profissionalização da política alguém se surpreende que exista a completa desconexão entre o político e o eleitorado?

Política, no seu sentido mais belo, é uma atividade que todos nós deveríamos praticar, interagindo nos espaços públicos (quais?), trocando opiniões num livre mercado de idéias, gerindo nossas vidas e a sociedade. Por isso a internet assusta tantos governos. Sou um liberal clássico, com alguns flertes com o anarco-capitalismo, e por isso não acredito nem no monopólio do Estado nem que seja ele o grande salvador. Acredito em pessoas e no livre mercado, seja ele de idéias ou de peixes, algo que não existe e não existirá tão cedo em nosso cenário político.