quarta-feira, julho 05, 2006

Ouro de tolo

Acabei de receber um cartão crédito novo, mais um empurrado por uma administradora. Tinha cancelado o cartão dessa administradora há alguns meses, dizendo que não ia pagar anuidade, pois já tenho cartão demais. Faço isso sempre que chega alguma cobrança de anuidade de cartão: ligo e digo que vou cancelar. Se não abonarem a anuidade cancelo e uso os outros, pois oferta pra emitir cartão é o que não falta. Aliás, faço a mesma coisa com as operadoras de celular quando vou trocar de aparelho. Ou ganho uma grande vantagem ou eu mudo de operadora, porque até prefiro mudar de número de tempos em tempos, para os chatos perderem meu rastro. Sou profissional nisso, já tendo inclusive feito a ligação pro SAC em nome de vários amigos.

Não sou um pão-duro terrível, mas se você tiver mais de um cartão acaba pagando uma taxa, em percentual, muito alta. Digamos que num cartão você gaste R$ 1.000,00 por mês, então com um anuidade de R$ 240 estará pagando 2% sobre o valor gasto. Se você tiver muitos cartões essa taxa pode ser ainda maior.

Pois bem, a administradora me ligou, para saber o motivo pelo qual eu tinha cancelado e oferecer um cartão de graça. Dentro da minha política de sempre ter vários, pra cancelar sem medo, aceitei. Mas qual não foi minha surpresa quando recebi um cartão que parece da linha infantil.O dito cujo reluz todas as cores do espectro visível, de uma só vez, além de toda a frente do cartão ser uma holografia saltando pra fora. É a tentativa desesperada de diferenciar um produto que é, essencialmente, o mesmo. No começo existia o cartão, ponto. Depois, com a popularização do meio de pagamento, veio o cartão gold, para diferenciar o usuário. O usuário, porque o serviço, no frigir dos ovos é o mesmo. O problema é que existe por um lado a necessidade do marketing, de diferenciar o produto, e de outro a tentação de entregar o “diferencial” pra mais pessoas, ganhando dos concorrentes. Hoje em dia muitos bancos só emitem cartão “ouro”. Qual a solução? Criar novos diferenciais? Logicamente não, apenas criar novos “materiais”: a linha Platinum. Não tenho dúvida que em alguns anos o Platinim será o padrão, exigindo novos diferenciais: diamante, diamante triplo, safira. O serviço? Ah, esse será cada vez pior. E ai daquele que acreditar que carrega platina no bolso, emocionado pelas luzes do seu plastiquinho.