quinta-feira, abril 15, 2010

Teoria da Conspiração


Considerando o timing, será que alguém contratou o Cacique Cobra Coral para justificar os 48%?

sábado, abril 03, 2010

Life can be that good

Saalfeld - Alemanha. Foto: Jens Meyer /AP

sábado, janeiro 09, 2010

Jessica Pauletto




Eu tenho que admitir colecionar certas notícias, e que rir sozinho do jornalista me fornece algum prazer. Não se trata de nenhuma coleção sinistra como a do Dr. Hannibal Lecter, que colecionava recortes noticiando o colapso de templos sobre os fiéis. Mas ler em letras garrafais na entrada da Folha Online "Chavez desvaloriza moeda mexicana" não tem preço.


Seria por acaso o Chaves do SBT, esse sim mexicano? Mas o que me deu um sorriso hoje foi a entrevista da Jessica Pauletto ao Terra, relatando seu retorno às passarelas após problemas de saúde. A moça, de 1,77m, relata que tinha 50, 51kg, mas que com a doença passou para 70kg. Qual a pergunta seguinte da jornalista? "Terra - E como você ficou em relação à carreira, ao fato de você estar gorda?".


Bom, mas tudo bem, agora ela já está saudável, retornou aos 50kg e pode esquecer os tempos de gorda...

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sexta-feira, dezembro 18, 2009

Troller é o presente mais cobiçado do Natal em SP



Após ficar alguns meses sem carro, roubado pela segunda vez em 4 anos dentro do estacionamento, estou escolhendo um carro novo. Admito que foi divertido não ter que me preocupar com carro esses tempos, não me stressar dirigindo, e principalmente andar pelo corredor de ônibus dentro do táxi. Mas em alguns momentos você acaba ainda sentido falta do transporte individual.

E um desses momentos é quando chove, e fica super difícil pegar um táxi. O que é curioso, pois deveria ser o último momento para querer tirar o carro de casa, com a água subindo. Por isso, após ver o vídeo acima, decidi: meu próximo carro vai ser um Troller, melhor meio de transporte para o nosso charco.

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quarta-feira, dezembro 09, 2009

The Nutcracker

São Paulo pode definitivamente se considerar uma integrante do circuito Elizabeth Arden, pleiteando um lugar entre as grandes capitais do mundo, e não apenas um mísero assento permanente no Conselho de Segurança da UN. Yes, we can!


Temos nada menos que três grandes montagens do Quebra Nozes neste natal em São Paulo. Certamente, New York tem nada menos que cinco montagens, mas botamos no chinelo qualquer mísera Paris. Curioso que as duas novas montagens a invadir São Paulo vieram do Rio. Presumo que a Fada Açucarada não queira mais ver bala na frente.

Estou particularmente curioso com o efeito da concorrência sobre o já tradicional Cisne Negro, que apresenta esse balé há 25 anos. Eu vou para o do Bourbon mesmo, já que ganhei ingressos, mas não sei se São Paulo comporta tudo isso não.

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sábado, dezembro 05, 2009

Aniversário!

Hoje faço 20 anos!*

* Disclaimer: Hexadecimal notation.

sexta-feira, dezembro 04, 2009

Presente de Aniversário

Olha o presente de aniversário que eu quero. Um simples ingresso...

terça-feira, dezembro 01, 2009

Christmas is all around... (3)



I don't want a lot for Christmas
There's just one thing I need
I don't care about the presents
Underneath the Christmas tree
I just want you for my own
More than you could ever know
Make my wish come true
All I want for Christmas is...
You

I don't want a lot for Christmas
There's just one thing I need
I don't care about the presents
Underneath the Christmas tree
I don't need to hang my stocking
There upon the fireplace
Santa Claus won't make me happy
With a toy on Christmas day
I just want you for my own
More than you could ever know
Make my wish come true
All I want for Christmas is you
You baby

I won't ask for much this Christmas
I don't even wish for snow
I'm just gonna keep on waiting
Underneath the mistletoe
I won't make a list and send it
To the North Pole for Saint Nick
I won't even stay awake to
Hear those magic reindeers click
'Cause I just want you here tonight
Holding on to me so tight
What more can I do
Baby all I want for Christmas is you
Ooh baby
All the lights are shining
So brightly everywhere
And the sound of children's
Laughter fills the air
And everyone is singing
I hear those sleigh bells ringing
Santa won't you bring me the one I really need
Won't you please bring my baby to me...

Oh I don't want a lot for Christmas
This is all I'm asking for
I just want to see my baby
Standing right outside my door
Oh I just want you for my own
More than you could ever know
Make my wish come true
Baby all I want for Christmas is...
You

All I want for Christmas is you... baby

domingo, novembro 29, 2009

Theatro São Pedro

Está muito triste a situação do mercado de óperas em São Paulo, massacrado pela Falência (ou encerramento clandestino das atividades, se preferirem) do Theatro Municipal e pela concorrência dos musicais. Os teatros que costumavam receber as óperas, que demandam uma certa estrutura, preferem apresentar O Rei Leão, duas vezes por dia, com um custo muito menor.

Nesse triste cenário é no mínimo animador perceber que ainda existe alguma opção para quem aprecia ópera em São Paulo. O Theatro São Pedro tem apresentado diversas montagens operísticas em sua temporada, com a promessa de só aumentar esse repertório em 2010.

Só em novembro foram encenadas duas óperas, Pagliacci e O Barbeiro de Sevilha, tudo com módicos ingressos de R$ 20,00 para todos os lugares. Para quem nunca visitou o Theatro São Pedro o ingresso já valeria pelo passeio, independente do espetáculo. Tratas-se de um prédio histórico muito bonito e, acima de tudo, aconchegante. Ao contrário do Municipal, aqui você se sente muito mais próximo dos artistas, mesmo nos lugares mais distantes.

A qualidade dos espetáculos não é constante, e muitas vezes tem de lidar com limitações. Pagliacci foi apresentado com um conjunto de Câmara, mas a qualidade dos cantores foi muito boa e valeu a noite. Por mais que seja interessante ouvir "Vesti la Giubba” na gravação de Caruso, a música ao vivo tem um sabor e emoção sem comparação. O trágico final foi apresentado com uma emoção e verismo na interpretação que nem sempre se encontram quando faltam cantores/atores e diretores.

O Barbeiro de Sevilha contou com um grupo jovem, da orquestra ao coral e cantores, e sinceramente foi uma experiência mista. A montagem é bem feita, bem dirigida, mas alguns dos cantores não correspondiam. Especialmente Fiorello, primeira voz ouvida na ópera, não foi muito feliz. Mas vários dos cantores prometem, só falta a experiência, principalmente quando precisavam cantar em conjunto. Mas não me levem a mal, o tom geral da direção está correto e o espectador ri e se envolve, sem se importar com as limitações técnicas.

Aproveitem, o Barbeiro ainda vai ser apresentado nos dias 1 e 3 de dezembro.

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terça-feira, novembro 24, 2009

Christmas is all around... (2)


segunda-feira, novembro 23, 2009

Christmas is all around...



Micro-árvore de natal na minha mesa do escritório. Só falta decorar...

domingo, novembro 22, 2009

Just Two Strangers in a Train

Estava me lembrando de um livro que eu li na faculdade, Guerra Civil (Hans Magnus Enzensberger), que tenta explicar a xenofobia com a metafora de um trem, onde duas pessoas podem discutir, mas se algumas estações depois uma nova adentra, as que já ocupavam o vagão terão um sentimento de coesão e repulsa, ao menos inicial, à nova.

Me lembrei dessa história por causa de alguns encontros recentes, com colegas de colégio e faculdade. Um foi com um amigo próximo de ginásio, do qual me afastei no colegial, e a outra uma colega de faculdade. Passados cerca de dez anos, por motivos diversos, encontrei o dois. Interessante perceber como duas pessoas que não tinham mais tanto em comum podem subitamente achar a outra fascinante, ficando tão felizes com o reencontro.

Uma coisa que a minha colega disse, enquanto trocavamos informações sobre outros colegas, aponta para uma possível resposta. Ela comentou como era bom ver os outros colegas bem encaminhados na vida, bem sucedidos. Existe uma certa cumplicidade, a noção de que a outra pessoa conhece o nosso caminho e entende o quanto custou chegar até aqui.

Mas não é só isso, acima de tudo há uma enorme nostalgia de um tempo que não volta mais, de momentos marcados por ingenuidade, menos recursos do que hoje, mas que trocariamos correndo. A outra pessoa é um espelho, um memento, um fóssil de uma pessoa que não somos mais. Mas não me escapa a ironia de ter uma agradável almoço com uma pessoa com quem, dez anos antes, jamais tinha conversado por mais que alguns poucos minutos.

E a grande pergunta, cuja resposta talvez seja irrelevante, é se há dez anos essa pessoa poderia ter sido minha amiga, dada a oportunidade, ou se apenas o tempo e a ausência de qualquer coisa poderia gerar qualquer interesse mútuo.

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sexta-feira, novembro 20, 2009

Wonderland



Já esperando pelo novo filme da Alice, assisti ao fantástico Phoebe in Wonderland ("A menina no País das Maravilhas"), filme independente que por aqui nem passou pelos cinemas, indo diretamente para as locadoras.

Trata-se de uma obra imperdível, emocionante e delicada sem ser piegas, um drama que resgata o mundo infantil pelo lado de dentro. Uma das primeiras lições de fotografia de crianças é se colocar na mesma altura delas, valendo a mesma coisa para os animais, mas a maioria dos filmes com protragonistas mirins falha miseravelmente nessa tarefa. Não aqui, onde temos o mundo pelo olhar de Phoebe, e tudo que é adulto no fundo passa pelo filtro do seu olhar. E pode surpreender a muitos o quanto uma criança consegue ver e compreender.

O fato de eu considerar ela a filha ideal provavelmente diz muito a meu respeito, mas felizmente a falta de detalhamento do CID-10 mais uma vez me salva. A protagonista é Elle Fanning, irmã mais nova de Dakota Fanning, trazendo boas lembranças de I am Sam.

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sexta-feira, junho 12, 2009


Don't Speak
No Doubt

You and me
We used to be together
Everyday together always
I really feel
That I'm losing my best friend
I can't believe
This could be the end
It looks as though you're letting go
And if it's real
Well I don't want to know

Don't speak
I know just what you're saying
So please stop explaining
Don't tell me cause it hurts
Don't speak
I know what you're thinking
I don't need your reasons
Don't tell me cause it hurts

Our memories
Well, they can be inviting
But some are altogether
Mighty frightening
As we die, both you and I
With my head in my hands
I sit and cry

Don't speak
I know just what you're saying
So please stop explaining
Don't tell me cause it hurts (no, no, no)
Don't speak
I know what you're thinking
I don't need your reasons
Don't tell me cause it hurts

It's all ending
I gotta stop pretending who we are...
You and me I can see us dying...are we?

Don't speak
I know just what you're saying
So please stop explaining
Don't tell me cause it hurts (no, no, no)
Don't speak
I know what you're thinking
I don't need your reasons
Don't tell me cause it hurts
Don't tell me cause it hurts!
I know what you're saying
So please stop explaining

Don't speak,
don't speak,
don't speak,
oh I know what you're thinking
And I don't need your reasons
I know you're good,
I know you're good,
I know you're real good
Oh, la la la la la la La la la la la la
Don't, Don't, uh-huh Hush, hush darlin'
Hush, hush darlin' Hush, hush
don't tell me tell me cause it hurts
Hush, hush darlin' Hush, hush darlin'
Hush, hush don't tell me tell me cause it hurts

terça-feira, junho 12, 2007

Sweet valentine


terça-feira, janeiro 09, 2007

Proxy

Nesses tempos bicudos em que a liberdade de expressão está constantemente em perigo os proxys são uma necessidade não só de quem mora na China ou no Irã. Pra quem não sabe um proxy é um servidor que serve de intermediário para permitir o acesso de um usuário a um site que de outra forma não poderia acessar. Para dar um exemplo prático, se você morar na China e o site da anistia internacional for bloqueado, basta acessar por um proxy como esse:
http://www.br.amnesty.org.nyud.net:8090/ basta substituir br.amnesty.org pelo nome de qualquer outro site bloqueado. Sim, qualquer um.
Esse é apenas um exemplo, se for bloqueado existem centenas de milhares de opções. Pessoalmente eu utilizo o Tor que garante o sigilo da minha identidade e da comunicação, com criptografia e três intermediários no caminho, modificados a cada três minutos.
Você também pode carregar num pendrive uma versão do Firefox com o Tor, o Torpark, e acessar a internet com segurança e privacidade em qualquer lugar que for.
E viva a resitência.

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segunda-feira, novembro 27, 2006

Segurança

Nem todos sabem, mas antes de fazer o que faço (que também nem todos sabem o que seja) trabalhei com internet e segurança de redes. Logo, ainda conheço um ou outro truque, o suficiente pra gerenciar a pequena rede do escritório. Num dado momento de tédio resolvi bloquear o MSN e o Orkut, o que me lembrou do velho problema da segurança de redes.
Sempre que alguém vai definir a segurança de um sistema que ele mesmo usa, a primeira coisa que vai tratar é definir como não se sujeitar a essas regras. Não é preciso dizer que essa "backdoor", como se chama no meio, será o ponto fraco da política de segurança, que não só é conhecido como criado pelo próprio administrador. O que se aplica à informática se aplica a todo o resto. Nos escritórios são implementados cartões de entrada, mas tente impedir a entrada, ou exigir a emissão de uma permissão temporária, do gerente que esqueceu o cartão. Rapidamente é aberta a cancelinha para ele passar.
Todas essas atitudes, aparentemente sem conseqüência, levam a uma redução da segurança do sistema. Infelizmente isso não se aplica apenas aos sistemas privados. Todos querem se ver livres de motoristas malucos ou bêbados, mas não se importam de molhar a mão do guarda. Todos pregam a necessidade de reduzir a carga tributária, mas poucos parecem dispostos a abandonar as suas formas pessoais de reduzir a carga tributária.
Queremos que a polícia seja atuante, mas se ela nos para na rua consideramos aquilo uma verdadeira ofensa. Enfim, queremos regras que se apliquem a todos, menos a nós mesmos.

quarta-feira, novembro 22, 2006

E o carteiro mordeu o cachorro

Segundo aprendi com minha irmã jornalista, notícia é quando o carteiro morde o cachorro, não o contrário. Essa simplista regra geral deveria vir impressa junto com o cartão de assinatura dos jornais. Por que motivo a morte de um motoqueiro por dia em São Paulo não é noticiada? Exatamente porque morre um todo dia. Ao contrário, o que foge ao ordinário merece a capa dos jornais.

Isso gera uma aparente contradição, pois o que ganha destaque não é a realidade, mas a “notícia”, e o excepcional parece normal, ao passo que o casual é apenas ignorado. Para saber que os motoqueiros morrem como moscas o leitor terá de atropelar um ele mesmo.

O sucateamento das redações tem apenas contribuído para o agravamento dessa situação, porque os jornalistas têm cada vez menos tempo ou disposição para definir uma pauta que não seja apenas dirigida pelo fluxo aleatório de “notícias”. A realidade é que mesmo veículos de imprensa “sérios” se parecem cada vez mais com a sessão Popular do site Terra, síntese desse estilo de notícia.

O fato é que modelos não morrem como moscas de anorexia, apesar de existirem em maior número, independente da sua fama. Se por um lado é sempre positivo o interesse geral em hábitos saudáveis, por outro é ridícula a forma como se apresentam as discussões e “soluções” para os supostos problemas que assolariam a profissão. Nessa linha a risível proibição de trabalharem modelos com IMC inferior a 18, que não guarda qualquer relação com a realidade.

Segundo essa conta Maria Sharapova, campeã de Wimbledon e do US Open, não poderia desfilar, pois tem um IMC inferior (16.7), assim como boa parte das maratonistas. Obviamente, se alguém sustenta ser possível a uma pessoa com anorexia completar um Grand Slam ou uma maratona, sugiro a leitura de qualquer manual de bioquímica básica.

No seu magnífico Freakonomics Steven Levitt demonstra que é mais perigoso ter em casa uma piscina do que uma arma, ou que você correria mais risco de morrer vendendo drogas na rua em Chicago do que estando no corredor da morte no Texas. Nossa percepção já é falha, pois somos péssimo avaliadores de risco, e a imprensa atua como um potente deformador. Nos preocupamos com o carteiro louco que mordeu o cachorro, pedimos providências, mas o cachorro continua mordendo o carteiro impunemente.

Vendo as capas das revistas desta semana na fila do mercado só consegui pensar no “A hora da estrela”, especialmente em seu final.

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quinta-feira, novembro 16, 2006

O porta-notas

No mini feriado aproveitei para subir a serra e aproveitar Campos livre dos paulistanos. Especialmente pelo fato de não estar dirigindo a viagem de um dia foi divertida, com direito a um massacre gastronômico no Chá do Toriba. E, claro, como ninguém é de ferro, algumas comprinhas.
Seguindo meu ritual entrei na loja e pedi um porta-notas. Após a longa exposição das diversas opções escolhi um, quando a vendedora anotou que era parecido com o meu atual. Prontamente a corrigi: parecido não, igual. Da mesma forma preciso ir com urgência para Buenos Aires para comprar um novo mocassim Guido, logicamente idêntico, porque o meu fiel amigo está apresentando um preocupante buraco na sola.
Quando roubaram meu carro ano passado minha maior perda foram os óculos escuros, que nunca consegui encontrar iguais. Até hoje reclamo disso. Em Paris tentei encontrar outro igual, mas após o descrever a vendedora disse: nossa, eu sei qual é esse óculos, mas não tenho mais. você comprou isso faz muitos anos, né? Realmente. Não preciso dizer que o carro novo era o mesmo, mesma cor, com as novidades do ano que obviamente eu não gostei. Quase troquei as rodas novas por as achar estranhas.
Enfim, sou apegado ao que dá certo, que é confortável, que estou acostumado, o que é uma heresia na sociedade de consumo. Nela ninguém deveria ter os mesmos óculos escuros por mais que 1 ano, ou usar um sapato feito da mesma forma há mais de meio século. Infelizmente meu choque com a sociedade de consumo vai além dos sapatos.
O modelo de consumo hoje se tornou prevalente também nas relações pessoais. Os relacionamentos são instantâneos e efêmeros, tanto quanto baixas são as expectativas. O ficar nesse sentido é apenas a manifestação do modelo consumista que impera no restante de nossa vida. Nos vendemos como objetos e tratamos os outros como tal. Dentro desse contexto é absolutamente fútil esperar qualquer continuidade e estabilidade. Como os objetos descartáveis e de construção cada vez mais frágil, também os relacionamentos humanos recebem o investimento mínimo necessário para a sua determinada duração.
Vivemos num mundo em que as páginas do orkut registram mais de mil amigos, em que a palavra amigo se refere inclusive a quem nunca se viu na frente. Num mundo em que as considerações de Mr. Darcy em Orgulho e Preconceito, sobre a inconveniência do comportamento dos familiares de Elizabeth, não fazem mais sentido porque as construções não são feitas para durar mais que um verão.
Curiosamente é mais fácil derrotar a sociedade de consumo nos objetos do que é com as pessoas.

segunda-feira, novembro 13, 2006

Eu vou tirar você desse lugar

Acabei de ficar uns 10 minutos ouvindo repetida a seguinte estrofe da canção de Odair José:
"Eu vou tirar você desse lugar. Eu vou levar você pra ficar comigo"
Quem não conhece a música, pode verificar no link acima a letra completa. Para quem conhece a letra, não se tratava de uma tentativa de lavagem cerebral dos clientes de alguma casa suspeita, mas a espera do atendimento do Credicard Citibank.
A nova campanha publicitária do cartão tem essa música como tema, mas na prática só as duas frases que eu citei aparecem na propaganda. O curioso é que a música, claramente, trata do cantor dizendo que vai tirar a meretriz da zona para se casar com ela. Já no lançamento da campanha o publicitário se apressou em afastar essa leitura como equivocada, dizendo que tinha um livro que mostrava outra inspiração. Bobagem, o próprio Odair em recente entrevista ao JT confirma o significado, que ademais é tão claro que não carece de explicações.
Agora, a questão é: na campanha, quem é a puta? Considerando que a campanha é "Você sob nova direção", só posso concluir que a puta somos nós, e que o Credicard Citi vai nos tirar deste lugar.

segunda-feira, outubro 09, 2006

Debate

"Trocamos palavras mesquinhas. Eu fiquei com as dele e ele ficou com as minhas."

Millôr Fernandes

terça-feira, outubro 03, 2006

Nada de debate

Pura perda de tempo os candidatos participarem de debates no segundo turno, pois até hoje não vi um debate onde se discutisse idéias para o país. O único debate de verdade foi o presidencial do The West Wing, inclusive transmitido ao vivo, que me fez querer votar no Alan Alda. Mas, como não podemos esperar de nenhum dos presidenciáveis essa mesma performance, o negócio é ir direto pro plano B.
No lugar de um debate temos de providenciar algo mais próximo da população brasileira e que tenha algum objetivo real, diferenciando os candidatos. O meu plano é um reality show em que os dois candidatos terão de sobreviver com R$ 350,00 por mês. Para participar os dois candidatos abririam mão das suas caras campanhas, recebendo em troca as câmeras em tempo integral. Se algum deles conseguir a proeza, certamente estará capacitado e habilitado para gerenciar o país.

segunda-feira, outubro 02, 2006

Espumante Gaúcho

Em homenagem aos gaúchos nem comemorei com Pol Roger. E por falar em RS, será que o Ibope vai subir a margem de erro para 10%? Só para lembrar, em 2002 o Serra teve apenas 23,2% no primeiro turno, e mesmo no segundo teve apenas 38,73%, menos do que Alckmin no primeiro turno concorrendo contra um Presidente que tenta a reeleição. Agora ninguém pode prever mais nada.

sexta-feira, setembro 22, 2006

Power Point

A Wired costuma fazer uma eleição anual de Vaporware, escolhendo as promessas mais furadas do ano no mundo da informática. Sempre apontado como um dos maiores culpados é o PowerPoint, citado jocosamente como uma linguagem de programação ou programa de engenharia. Seu concorrente desenvolveu um produto melhor? Simples, abra o PowerPoint e "crie" um produto melhor.
Infelizmente essa mania está se disseminando, com diversos reflexos, inclusive ambientais. Hoje cada vez mais vemos projetos que só existem como PowerPoint. Ao invés de escrever um documento detalhando um projeto, prepare uma apresentação PowerPoint, que é só o que todos vão ver mesmo.
Recebi um "projeto" em PowerPoint pra analisar, que impresso ocupou 40 páginas, e que representa toda a documentação de um projeto de alguns milhões. Quase copiei e colei tudo no word pra facilitar a leitura.
Preciso aprender a usar o PowerPoint, porque escrevendo no Word não vou me fazer entender.

Poluição visual

Será que o projeto da prefeitura vai proibir os meus adesivos?

terça-feira, setembro 19, 2006

Engajamento Político

Esse marasmo que eu comentei no post anterior me fez lembrar do passado, de um mais próximo e de um longínquo. O mais próximo remonta à eleição do Fernando Henrique, quando escrevi uma mensagem numa BBS (posso ser blogueiro recente, mas de informática sou rodado) comentando os sentimentos conflitantes em torno da sua eleição. Depois vou procurar a mensagem, porque seria interessante ler o texto original. Mas, em síntese, eu tratava do conflito da esquerda que chega ao poder, mas ao mesmo tempo do gosto amargo das alianças necessárias. Hoje em dia acho que dificilmente alguém qualificaria o governo que ali iniciou como de esquerda. Mas, de qualquer forma, aquele momento teve algum significado, alguma magia.
A eleição do Lula também teve esse lado mágico, uma sensação para os seus eleitores de que aquele era um momento único, quando o nosso Lech Walesa chegava ao poder. Já disse a alguns amigos que o Lula, assim como Walesa, tinha queimado a única oportunidade histórica de um lider operário chegar ao poder. Embora exista uma aparente e curiosa aprovação do governo, é inegável que o sonho acabou e o desgaste do partido é maior que o necessário. Assim como Fernando Henrique logrou se reeleger, também deverá o Lula, mas como o primeiro não continuará com a mesma aura que tinha quando entrou.
Tudo isso, ainda ligando com a apatia, para lembrar o evento mais remoto, ainda da minha infância. Sempre gostei de política, me envolvia muito, lembro da eleição do FHC para prefeito, quando tinha 8 anos, de distribuir folhetos e lamentar a derrota. Com a criação do PSDB me identifiquei imediatamente com o partido e os seu fundadores, sempre atuando nas campanhas. Lembro de na eleição de 89, aos quase 12 anos, pegar o ônibus na Praça da Bandeira, olhando a gigante bandeira lá em cima, e ir até o comitê tucano na 9 de julho. Lá, junto com outros militantes voluntários, pegava materia pra campanha do Covas a presidente. Costumava ficar em frente do Mappin distribuindo o material, conversando com as pessoas, tentando convencer quem dava trela. Lembro de maneira vívida o comício dele no vale do Anhangabaú.
Apesar disso tudo, tenho as minhas dúvidas se sujo o carro pra colocar o adesivo do Alckmin, que não possui o mesmo poder catalisador. Os tempos mudaram e não sou o único que me tornou apático. O mundo está caindo nas primeiras páginas dos jornais e nada aponta que isso vá afetar em um ponto a corrida presidencial. Sem dúvida o Serra teria gerado uma outra batalha, mas não é esse o problema real.
Enfim, não tenho mais estômago pra só assistir, vou sujar meu carro com o adesivo do Alckmin mesmo.

segunda-feira, setembro 04, 2006

Eleições 2006

Morar em São Paulo é às vezes uma experiência surreal, e nessa eleição não é diferente. Em São Paulo não temos eleição para governador, até onde consta a eleição presidencial não chegou aqui e nós não temos prefeito. Não é pouca coisa não, quase o sonho de um anarquista.
Por isso fiquei muito surpreso hoje quando saí pra almoçar e encontrei o reaquecimento da economia, alguns cabos eleitorais distribuindo folhetos e adesivos. Aproveitando que o adesivo representa a minha relutante escolha, peguei um juntamente com uns folhetinhos sem graça. Mas foi aí que nasceu a minha dúvida: será que colo o adesivo no meu carro?
Acontece que eu estava viajando outro dia e levei uma fechada, sabe de quem? Desse adesivo mesmo. Fiquei com muita raiva do eleitor em campanha, pensando que quem quer fazer propaganda devia pelo menos ter uma conduta mais urbana. Fiquei imaginando se o motorista refletia a conduta média do eleitor daquele candidato, e como não pude ver nada além do adesivo, é como se o próprio candidato tivesse me fechado.
E aí retorno à pergunta, devo colar o adesivo no meu carro? Acho que não, provavelmente eu perderia mais votos do que ganharia da forma que eu dirijo.

terça-feira, agosto 29, 2006

Segura Peão

No final de semana passado fui para Barretos assistir ao final da Festa do Peão, o que não foi muito fácil, considerando que fiquei em Rio Preto e ao final de dois dias tinha rodado 1500 km. Foi uma experiência interessante, a qual eu provavelmente jamais pensei que fosse ter. Sempre considerei o rodeio algo desnecessariamente cruel com os animais, não tão cruel como o boxe, mas ainda assim. Claramente não sou o único a ter essa visão, pois o tempo todo o locutor se apressava em explicar que ali o tratamento não era esse. Deu como principal exemplo da desnecessidade da pressão nos órgãos do animal uma égua que pulou feito o diabo e mandou o peão pra casa na final. Não digo que me convenceu, mas pelo menos fiquei com a mente um pouco mais aberta para conhecer melhor os fatos.
Mas se a crueldade em relação aos animais gera alguma dúvida, em relação aos peões não fiquei com nenhuma. A emoção de estar ali assistindo a apresentação está no risco corporal que eles correm. Certamente um peão com uma apresentação perfeita, controlada, diante de um touro violento, chama a atenção e prende a respiração da platéia por 8 segundos. Mas, da mesma forma capta o nosso imaginário a apresentação do peão que quase acaba nas patas do touro.
Há ali um pouco de arena romana, um certo gosto pelo sangue, inconfessável, de todos os presentes. Obviamente estamos a anos-luz do circo romano e das touradas, e o mesmo que disse do rodeio se pode dizer das corridas de carros.
Mas uma coisa que me impressionou mais ainda que a apresentação propriamente dita foi a ação dos salva-vidas. É inacreditável ver, num momento de real perigo, o salva-vidas se jogando sobre o peão como um guarda costas e o protegendo com seu próprio corpo. Enfim, a arena adequada para o público liberar toda a testosterona hoje tão fora de moda e politicamente incorreta. Para completar não podia faltar um simpático CD de camelô com as músicas mais tocadas na festa, para ouvir na viagem de volta.
Aliás, em homenagem aos barretenses, que parecem estar se preocupando muito com o bem estar dos bois, comprei um belo hamburguer de boi orgânico de Barretos, 1/4 de libra cada, da FriBoi. Acho a coisa mais idiota esse nome, orgânico, que pra mim quer dizer algo próximo de nada. Mas a idéia é muito interessante. O boi, além de comer só pasto (o chamado boi verde), recebe um tratamento apenas com produtos homeopáticos, e outros detalhes que garantem que o processo esteja livre de aditivos desagradáveis. O hamburguer em si, ao contrário do padrão, não tem conservantes sintéticos, corantes e outros aditivos. O único conservante é alecrim, pra lembrar do motivo pelo qual as especiarias eram importantes. A carne é muito boa, com um sabor muito superior ao hamburguer normal, e acredito que supere o meu antigo preferido, Bassi. Pra quem não quer se dar ao trabalho de moer a carne e montar o próprio hamburguer é uma ótima opção.

terça-feira, agosto 22, 2006

ProUni

Considerando que as quotas universais (não entendeu? leia a redação do projeto...) não devem sair do papel mesmo, resolvi continuar no tema com outro assunto. Como já disse antes, sou um liberal clássico, motivo pelo qual valorizo acima de tudo a liberdade de escolha, a livre iniciativa. O verdadeiro liberal não adora o mercado, mas essa liberdade, pois o mercado nem sempre a acolhe da melhor maneira, geralmente devido a regulamentação Estatal desnecessária.
O governo anterior (não tenho problema em meter o pau em qualquer governo) adotou uma política de "universalização" do ensino universitário arriscada, baseada num incentivo mesmo exagerado à criação de novos cursos. De uma maneira geral permeava o projeto a idéia de que as boas escolas sobreviveriam e as ruins fechariam as portas, tendo o provão como mecanismo de transparência. A verdade é que ao final houve um sucesso agridoce, pois ocorreu um claro aumento no número de estudantes do ensino superior, mas as arapucas se proliferaram, se aproveitando justamente dos que menos dinheiro tem pra investir em educação.
O governo atual optou por dar prosseguimento a esse processo com o ProUni, programa de bolsa para estudantes de baixa renda na rede particular. O progrma é em princípio bem intencionado, e de fato, no que não inova demais, tem algumas boas idéias. Se é verdade que é preciso investir dinheiro na universidade pública, também é verdade que o custo atual por aluno é muito elevado e nada indica que seria possível aumentar o número de vagas sequer com esse valor. As bolsas fornecidas não precisam ser reembolsadas pelo aluno, podendo ser completas ou de 50%, com a possibilidade de financiamento do saldo pelo FIES.
O programa não parece até, estranhamente, racional? Infelizmente a racionalidade se esgota logo. Ao invés de fornecer um número fixo de bolsas, num dado valor, permitindo que o estudante contemplado escolha a sua universidade, financiando a eventual diferença, são as próprias universidades que determinam que escolas recebem o dinheiro. Surpreso? Eu também.
Não é o aluno que se interessa no ProUni, e ganhando a bolsa procura seu curso predileto, num exercício da sua livre escolha, após avaliar a qualidade dos cursos e o que lhe é mais interessante. Pelo contrário, a universidade, provavelmente porque tem mais vagas do que consegue prencher, ou porque acredita ter vagas ilimitadas, que se inscreve no ProUni para oferecer, digamos 200 vagas. Obviamente, ao contrário do modelo lógico de escolha do aluno, nesse modelo as faculdades com pior qualidade tem grandes incentivos a receber alunos pelo ProUni, pois tem vagas de sobra, ao passo que as boas faculdades podem obter maiores ganhos fora do programa. É todo um sistema que cria e incentiva vagas de qualidade cada vez mais duvidosa. E o pobre aluno, este pouco pode fazer além de disputar as vagas oferecidas, nos cursos oferecidos, tentando não ficar com as piores.
É, enfim uma demonstração perfeita de como jogar dinheiro público no lixo, como utilizar incentivos governamentais para reduzir a qualidade do ensino e dificultar a entrada no mercado de cursos sérios. Por que os governantes, paternalistas, planificadores, insistem em soluções bizonhas que nada tem de mercado? Gastem o mesmo dinheiro, com o mesmo número de bolsas, atendendo o mesmo número de alunos, mas permitam que o "beneficiado" pelo programa escolha, como agente, de qual padoca quer obter a sua educação.
Mas não, o Estado prefere tratar o pobre estudante como gado, negando seu livre arbítrio, sua condição de agente no mercado, e no caminho destruindo o frágil equilíbrio do mercado educacional. A única herança de longo prazo do ProUni será o aumento do fosso de qualidade existente entre o ensino de massa particular e o público, com a bancarota das iniciativas privadas de qualidade.

domingo, agosto 20, 2006

Os sem monitor


O meu fiel monitor Sony Trinitron começou a apresentar alguns problemas após 5 anos de serviços prestados. Aproveitando o momento, com a redução drástica dos preços dos montiores LCD, troquei ele por um enorme LG de 19", com entrada digital e outras características high tech. Eu poderia inclusive gastar uns dois posts tratando dos diveros aspectos técnicos envolvidos, comparações com o anterior.
Entretanto, o que motiva esse post é o drama dos meus gatos. Estou eu utilizando o meu novo brinquedo quando um deles sobe animado na mesa. Coloca uma patinha sobre o monitor e olha por cima. Surpresa: o monitor não tem em cima. Dá a volta em torno da tela, cheira. Volta pra frente e continua a olhar desconsolado. Ensaia de novo subir no bicho.
A outra gata veio correndo pra cima da mesa, pulando direto pra cima do monitor, apenas pra bater de fucinho na prateleira, porque o monitor é tão alto que ela não passa entre ele e a prateleira. Nova expedição em volta, para verificar a dura realidade.
O mais interessante é que eles não se conformam, voltam de tempo em tempo pra explorar, como se não conseguissem assimilar a idéia de que um monitor não tenha em cima. Trata-se de uma situação dramática, porque no máximo em cinco anos todos os monitores vão ser LCD e os pobres gatos não vão ter onde se aquecer enquanto cuidam de seus donos.
E a situação não piora só nesse terreno. O antes enorme receptor da NET, super confortável, hoje é minúsculo e o pobre gato pode no máximo o abraçar, como um travesseiro, ou aquecer o traseiro. Será que os engenheiros não pensam nos pobres bichanos?

quinta-feira, agosto 17, 2006

Pés de cana

Estava viajando de carro pelo interior paulista ainda bem cedo, sol nascendo enquanto eu seguia pela estrada, quando vi os cortadores de cana chegando pra trabalhar. Olhei pra aquele mar de cana e pra condição horrorosa daqueles trabalhadores e fiquei meio abatido. Me recordo de ter lido há algum tempo de um deles que morreu de exaustão no trabalho.
O problema todo é que para mim a solução é clara: mecanização. Não tenho dúvida que a única alternativa humana para essas questões é a substituição da mão de obra manual, liberando o homem para as tarefas mais nobres. Mas e que fim deve levar o cortador de cana?
E aí fiquei com mais dó deles, quando lembrei quem eram os seu pretensos defensores: um povo muito burro que ainda acha interessante essa dicotomia vazia do século XVIII e por isso se denomina esquerda. Não acredito em manter trabalhos fictícios, ineficientes, porque algum dia as pessoas vão acordar, como na ex-URSS, e descobrir que seus empregos não existiam, eram apenas um faz de conta. Ou, pior ainda, descobrir que seu país é um ficção, no caso de Cuba.
As preocupações ditas sociais muitas vezes escapam à minha compreensão por isso. Se o objetivo for melhorar a condição social, ela deve ser melhorada, não modificada e mantida como num zoológico. E o mercado, fornece alguma solução melhor? Não diria melhor, mas ao menos é solução, coisa que a outra não é. Ao invés de gastar tempo em manter uma realidade ultrapassada, um defensor dos descamisados deveria procurar um novo modelo de trabalho. Um modelo que certamente não se encontra na Carta del Lavoro ainda vigente.
A solução? Vai ser, infelizmente, desagradável, mas sou de vez em quando otimista. O dilúvio serviu pra limpar a atmosfera da terra, permitindo a nossa existência. Nem toda a destruição é ruim, e isso é verdade também pra sociedade. E, como todos os pesares, a expectativa de vida do cortador de cana ainda é maior que a de um rei do século XI. Resta saber como mudar de maneira eficiente, com menos atrito, ao invés de criar resistência às mudanças inevitáveis.