terça-feira, agosto 29, 2006

Segura Peão

No final de semana passado fui para Barretos assistir ao final da Festa do Peão, o que não foi muito fácil, considerando que fiquei em Rio Preto e ao final de dois dias tinha rodado 1500 km. Foi uma experiência interessante, a qual eu provavelmente jamais pensei que fosse ter. Sempre considerei o rodeio algo desnecessariamente cruel com os animais, não tão cruel como o boxe, mas ainda assim. Claramente não sou o único a ter essa visão, pois o tempo todo o locutor se apressava em explicar que ali o tratamento não era esse. Deu como principal exemplo da desnecessidade da pressão nos órgãos do animal uma égua que pulou feito o diabo e mandou o peão pra casa na final. Não digo que me convenceu, mas pelo menos fiquei com a mente um pouco mais aberta para conhecer melhor os fatos.
Mas se a crueldade em relação aos animais gera alguma dúvida, em relação aos peões não fiquei com nenhuma. A emoção de estar ali assistindo a apresentação está no risco corporal que eles correm. Certamente um peão com uma apresentação perfeita, controlada, diante de um touro violento, chama a atenção e prende a respiração da platéia por 8 segundos. Mas, da mesma forma capta o nosso imaginário a apresentação do peão que quase acaba nas patas do touro.
Há ali um pouco de arena romana, um certo gosto pelo sangue, inconfessável, de todos os presentes. Obviamente estamos a anos-luz do circo romano e das touradas, e o mesmo que disse do rodeio se pode dizer das corridas de carros.
Mas uma coisa que me impressionou mais ainda que a apresentação propriamente dita foi a ação dos salva-vidas. É inacreditável ver, num momento de real perigo, o salva-vidas se jogando sobre o peão como um guarda costas e o protegendo com seu próprio corpo. Enfim, a arena adequada para o público liberar toda a testosterona hoje tão fora de moda e politicamente incorreta. Para completar não podia faltar um simpático CD de camelô com as músicas mais tocadas na festa, para ouvir na viagem de volta.
Aliás, em homenagem aos barretenses, que parecem estar se preocupando muito com o bem estar dos bois, comprei um belo hamburguer de boi orgânico de Barretos, 1/4 de libra cada, da FriBoi. Acho a coisa mais idiota esse nome, orgânico, que pra mim quer dizer algo próximo de nada. Mas a idéia é muito interessante. O boi, além de comer só pasto (o chamado boi verde), recebe um tratamento apenas com produtos homeopáticos, e outros detalhes que garantem que o processo esteja livre de aditivos desagradáveis. O hamburguer em si, ao contrário do padrão, não tem conservantes sintéticos, corantes e outros aditivos. O único conservante é alecrim, pra lembrar do motivo pelo qual as especiarias eram importantes. A carne é muito boa, com um sabor muito superior ao hamburguer normal, e acredito que supere o meu antigo preferido, Bassi. Pra quem não quer se dar ao trabalho de moer a carne e montar o próprio hamburguer é uma ótima opção.