terça-feira, setembro 19, 2006

Engajamento Político

Esse marasmo que eu comentei no post anterior me fez lembrar do passado, de um mais próximo e de um longínquo. O mais próximo remonta à eleição do Fernando Henrique, quando escrevi uma mensagem numa BBS (posso ser blogueiro recente, mas de informática sou rodado) comentando os sentimentos conflitantes em torno da sua eleição. Depois vou procurar a mensagem, porque seria interessante ler o texto original. Mas, em síntese, eu tratava do conflito da esquerda que chega ao poder, mas ao mesmo tempo do gosto amargo das alianças necessárias. Hoje em dia acho que dificilmente alguém qualificaria o governo que ali iniciou como de esquerda. Mas, de qualquer forma, aquele momento teve algum significado, alguma magia.
A eleição do Lula também teve esse lado mágico, uma sensação para os seus eleitores de que aquele era um momento único, quando o nosso Lech Walesa chegava ao poder. Já disse a alguns amigos que o Lula, assim como Walesa, tinha queimado a única oportunidade histórica de um lider operário chegar ao poder. Embora exista uma aparente e curiosa aprovação do governo, é inegável que o sonho acabou e o desgaste do partido é maior que o necessário. Assim como Fernando Henrique logrou se reeleger, também deverá o Lula, mas como o primeiro não continuará com a mesma aura que tinha quando entrou.
Tudo isso, ainda ligando com a apatia, para lembrar o evento mais remoto, ainda da minha infância. Sempre gostei de política, me envolvia muito, lembro da eleição do FHC para prefeito, quando tinha 8 anos, de distribuir folhetos e lamentar a derrota. Com a criação do PSDB me identifiquei imediatamente com o partido e os seu fundadores, sempre atuando nas campanhas. Lembro de na eleição de 89, aos quase 12 anos, pegar o ônibus na Praça da Bandeira, olhando a gigante bandeira lá em cima, e ir até o comitê tucano na 9 de julho. Lá, junto com outros militantes voluntários, pegava materia pra campanha do Covas a presidente. Costumava ficar em frente do Mappin distribuindo o material, conversando com as pessoas, tentando convencer quem dava trela. Lembro de maneira vívida o comício dele no vale do Anhangabaú.
Apesar disso tudo, tenho as minhas dúvidas se sujo o carro pra colocar o adesivo do Alckmin, que não possui o mesmo poder catalisador. Os tempos mudaram e não sou o único que me tornou apático. O mundo está caindo nas primeiras páginas dos jornais e nada aponta que isso vá afetar em um ponto a corrida presidencial. Sem dúvida o Serra teria gerado uma outra batalha, mas não é esse o problema real.
Enfim, não tenho mais estômago pra só assistir, vou sujar meu carro com o adesivo do Alckmin mesmo.